1. Iniciação Científica: O que é e por que fazer?


1.1. Introdução

A iniciação científica é realização de uma pesquisa durante o curso de graduação que tem como objetivo o aprendizado do método científico. A instituição deve planejar a realização desta atividade para disponibilizar aos estudantes da graduação, mesmo que o aluno após o término da graduação não se envolva com este tipo de atividade. Este capítulo possui em definições encontradas no manual do usuário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC (baseado na Resolução Normativa 019/2001 e 015/2004). O objetivo desta série de cinco capítulos é apresentar informações sobre a iniciação científica que é destinada aos alunos da graduação e os orientadores. Neste primeiro capítulo é apresentado o que é a iniciação científica e as razões para sua realização; no segundo, é apresentado o PIC (Programa de Iniciação Científica) da UNCISAL; no terceiro, quais são os recursos, habilidades e os conhecimentos necessários para realizar a iniciação científica; no quarto, como o aluno deve selecionar o seu orientador; no quinto, como continuar as atividades de pesquisa após a graduação.

O conteúdo deste capítulo está dividido em seis partes:
a) a iniciação científica e a bolsa de iniciação científica;
b) a iniciação científica na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL);
c) as razões para fazer pesquisa na graduação;
d) onde obter ajuda?
e) próximo passo: o Programa de Iniciação Científica (PIC) da UNCISAL.

1.2. Iniciação Científica e Bolsa de Iniciação Científica

A iniciação científica desempenha um papel crucial ao introduzir os estudantes universitários mais promissores no mundo da pesquisa científica. Essa oportunidade permite que os alunos entrem em contato direto com a atividade científica desde cedo e se engajem ativamente na pesquisa. Nessa perspectiva, a iniciação científica se apresenta como um instrumento teórico e metodológico de apoio para a realização de projetos de pesquisa, ao mesmo tempo em que contribui para a formação de uma nova mentalidade no estudante. Em essência, a iniciação científica é um meio de formar recursos humanos qualificados. É importante ressaltar que a iniciação científica deve ser encarada como um compromisso contínuo da instituição, e não como uma atividade eventual ou esporádica, o que permite diferenciá-la da concessão de bolsas. Enquanto a iniciação científica é um componente básico de formação, a bolsa de iniciação científica atua como um incentivo individual, estrategicamente concedido aos melhores alunos envolvidos em projetos desenvolvidos por pesquisadores no âmbito da graduação ou pós-graduação. A bolsa de iniciação científica pode ser considerada um instrumento abrangente de apoio ao desenvolvimento de recursos humanos. Portanto, é importante compreender que nem todos os alunos envolvidos em atividades de iniciação científica receberão uma bolsa. A essência da iniciação científica é muito mais ampla do que simplesmente realizar a pesquisa em troca de um subsídio financeiro.

1.3. A Iniciação Científica na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL)

A iniciação científica na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL) foi, até 2002, amplamente impulsionada pelo esforço individual de vários docentes, carecendo de uma ação institucional coordenada. Nos últimos anos, alguns departamentos e disciplinas têm realizado essas atividades de forma mais sistemática. Além disso, o programa de monitoria, com a participação de alunos de graduação (contando com 54 estudantes em junho de 2002), tem sido utilizado como espaço para promover essa atividade.

A criação do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (ProBIC) em 2002 mostrado-se uma abordagem eficaz para impulsionar o desenvolvimento institucional nessa área. É válido ressaltar que também é possível solicitar bolsas de iniciação científica diretamente à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL), por meio de um processo independente. No entanto, é fundamental estabelecer um programa institucional de iniciação científica que integre as diversas atividades relacionadas a essa área.

Outras atividades desempenham um papel fundamental no êxito do programa de iniciação científica, como o simpósio sobre fundamentos da iniciação científica, as jornadas científicas dos cursos de graduação da UNCISAL e de iniciação científica, a jornada de incentivo à produção científica na instituição. Para obter mais informações sobre essas atividades, é possível acessar o seguinte endereço eletrônico: https://pic.uncisal.edu.br.

É imprescindível que os orientadores envolvidos na iniciação científica elaborem um planejamento que otimize essa atividade e contemple outros alunos que futuramente solicitarão bolsas. Nesse planejamento, é necessário incluir:

a) A definição e importância da linha de pesquisa;
b) As pesquisas a serem realizadas na linha de pesquisa nos próximos sete anos, organizadas por relevância, complexidade e prioridade;
c) Os recursos humanos necessários para a realização da pesquisa;
d) Os recursos materiais necessários em ordem de prioridade;
e) As atividades que os alunos devem participar durante a iniciação científica;
f) Os conhecimentos e habilidades que os alunos de graduação devem desenvolver para iniciar e desenvolver as atividades de iniciação científica;
g) As metas e objetivos da iniciação científica da disciplina.

Um planejamento adequado da iniciação científica possibilitará o fortalecimento gradual e racional do programa, otimizando a utilização dos recursos disponíveis.

O Programa de Iniciação Científica (PIC), oferecido pela UNCISAL, é detalhado no próximo capítulo deste manual. Para obter mais informações sobre o programa, é possível acessar o seguinte endereço eletrônico: https://pic.uncisal.edu.br.

1.4. Razões para fazer pesquisa na graduação

As seis razões para fazer pesquisa na graduação são apresentadas a seguir. Elas representam as diversas motivações que podem levar o aluno da graduação a ter atividades de iniciação científica.

Assinale abaixo qual a motivação que você tem para fazer pesquisa na graduação.
1. (  ) Para impressionar os colegas; principalmente de sexo oposto.
2. (  ) Para receber algum dinheiro com bolsa de iniciação científica ou similar;
3. (  ) Para se aproximar do professor e garantir a vaga na pós-graduação ou na residência;
4. (  ) Para conhecer melhor uma determinada doença ou tópico específico;
5. (  ) Para engordar o currículo;
6. (  ) Para aprender sobre o método científico e como realizar uma pesquisa.

Durante uma autoavaliação, identifique qual das razões é de maior relevância para você. Se você selecionou uma das cinco principais razões, a seguir é apresentada uma lista de orientações a fim de alcançar o sucesso em sua missão. Recomenda-se que você não perca tempo lendo os capítulos subsequentes.

As orientações para você são:
a) contate um orientador que seja “amigável” e esteja disposto a uma “troca de favores”;
b) realize várias pesquisas rápidas e de valor duvidoso;
c) faça relatos de casos;
d) revise prontuários sem critérios;
e) invente alguns dados;
f) faça acordos com alguns colegas: eles incluem seu nome e você os deles nas publicações;
g) procure uma doença ou tópico no qual você tenha um interesse grande e escreva um artigo de revisão discursiva, narrativa ou mesmo integrativa; se for o mesmo tema que interessa ao chefe melhor ainda;
h) cite, sem nenhuma crítica, as informações que encontrar;
i) procure nos anais do congresso de sua faculdade quem são os grupos que incluem mais autores em seus trabalhos e vá fazer parte dele; o principal critério: maior número de autores em relatos de casos;
j) vise especificamente aqueles grupos que dividem os trabalhos;
k) de um só trabalho, faça render 3, 4 ou 5 publicações;
l) procure um tema da moda e submeta um pedido para bolsa;
m) não se preocupe com a relevância da pesquisa;
n) abstenha-se de comentar as falhas, as dificuldades e os métodos de sua pesquisa;
o) supervalorize seus achados.

No entanto, caso o seu objetivo com a iniciação científica seja a sexta opção, ou seja, adquirir conhecimento sobre o método científico e aprender a realizar pesquisas, a abordagem é completamente diferente. Esta série de escritos foi elaborada especialmente para aqueles que selecionaram a última opção. Portanto, recomenda-se a leitura atenta de cada um dos próximos capítulos, a fim de obter informações valiosas sobre como otimizar essa atividade.

1.5 Onde obter ajuda?

Existem três principais fontes de apoio disponíveis para aqueles que desejam obter ajuda na iniciação científica. A primeira e mais crucial é o orientador, que desempenha um papel fundamental nesse processo. É com o orientador que ocorre a realização efetiva da iniciação científica, e ele é a pessoa mais qualificada para fornecer orientação sobre as questões relacionadas a essa atividade. Além disso, é possível buscar auxílio junto à pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação da instituição, que também oferece suporte e recursos valiosos nesse contexto. A pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação é responsável por coordenar e promover as atividades científicas na instituição, fornecendo informações sobre oportunidades de pesquisa, programas de financiamento, eventos acadêmicos e outras iniciativas relacionadas à iniciação científica. Por fim, uma terceira fonte de ajuda pode ser encontrada junto aos alunos que já participaram ou estão participando de atividades de iniciação científica, pois eles podem compartilhar experiências e fornecer insights valiosos com base em suas próprias vivências.

1.6. Próximo passo: o programa de iniciação científica (PIC) da UNCISAL

Entender como o Programa de Iniciação Científica (PIC) da UNCISAL funciona é fundamental para compreender a essência e a relevância da iniciação científica durante a graduação. Conhecer os pré-requisitos exigidos tanto para os alunos quanto para os orientadores, bem como compreender os projetos disponíveis, é de extrema importância para uma participação efetiva nesse programa.

1.7 Referências

Clarke, 2001.
Clarke M, Oxman AD, editors. Cochrane Reviewers’ Handbook 4.1 [updated March 2001]. in: Review Manager(RevMan) [Computer program]. Version 4.1. Oxford, England: The  Cochrane Collaboration, 2001. Disponível em: URL: http://www.cochrane.dk/cochrane/handbook/handbook.htm

1.8 Leitura complementar

Clarke M, Oxman AD, editors. The logistics of doing a review. Cochrane Reviewers’ Handbook 4.1 [updated March 2001]; Appendix 3a. in: Review Manager (RevMan) [Computer program]. Version 4.1. Oxford, England: The Cochrane Collaboration, 2001. Disponível em: URL: http://www.cochrane.dk/cochrane/handbook/handbook.htm

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC. Manual do Usuário (baseado na Resolução Normativa 019/2001 e 015/2004). Disponível em: URL: http://www.cnpq.br/pibic

Pontos para recordar

  • A iniciação científica é realização de uma pesquisa durante o curso de graduação que tem como objetivo o aprendizado do método científico.
  • A iniciação científica caracteriza-se como instrumento de apoio teórico e metodológico à realização de um projeto de pesquisa e constitui um canal adequado de auxílio para a formação de uma nova mentalidade no aluno.
  • A iniciação científica pode ser definida como um instrumento de formação de recursos humanos qualificados.
  • No URL: http://www.metodologia.org/ecmal/ic veja mais informações sobre as atividades de iniciação científica da UNCISAL.
  • O planejamento adequado da iniciação científica possibilitará o fortalecimento de forma racional e gradual, otimizando a utilização dos recursos.

Versão prévia publicada: Nenhuma
Data da criação: 12 de fevereiro de 2003.
Data da última modificação: 06 de junho de 2023.
Como citar este capítulo:
Castro AA. Iniciação científica: o que é e por que fazer?
In: Castro AA. Manual de iniciação científica.
Maceió: AAC; 2003. Disponível em: URL: http://bit.ly/7png
Conflito de interesse: Disponível em: URL: http://www.evidencias.com/oconf_ald.htm
Fonte de fomento: Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, AL.
Sobre o autor:
Aldemar Araujo Castro
Professor Assistente, Mestre,
da Disciplina de Pesquisa na Área da Saúde da
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, Brasil.
Endereço para correspondência: Aldemar Araujo Castro
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
Rua Doutor Jorge de Lima 113
57010-382 Maceió (AL), Brasil
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