Aldemar Araujo Castro
4.1. Introdução
O objetivo deste capítulo é esclarecer os recursos, conhecimentos e habilidades necessários que os alunos de graduação devem desenvolver ou possuir para realizar com sucesso as atividades de iniciação científica. Esta série de cinco capítulos tem como objetivo fornecer informações sobre a iniciação científica, direcionada aos alunos de graduação e aos professores que irão orientá-los. No primeiro capítulo, são apresentados os conceitos da iniciação científica e as razões para sua realização. No segundo capítulo, é abordado o Programa de Iniciação Científica da UNCISAL. No terceiro capítulo, são discutidos os recursos, habilidades e conhecimentos necessários para realizar a iniciação científica. No quarto capítulo, é explicado como os alunos devem selecionar seus orientadores. E no quinto capítulo, são fornecidas orientações sobre como dar continuidade às atividades de pesquisa após a graduação.
O conteúdo deste capítulo está dividido em três partes:
a) a importância de determinar os requisitos para a iniciação científica;
b) quais são os recursos, conhecimentos e habilidades necessários;
c) o próximo passo: seleção do orientador.
Para melhor aproveitamento deste artigo, é desejável a leitura prévia do texto disponível na internet.
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC. Manual do Usuário (baseado na Resolução Normativa 019/2001 e na resolução 015/2004). Disponíveis em: URL: http://www.cnpq.br/pibic
4.2. A importância de determinar o que é necessário para realizar as atividades de iniciação científica
É crucial considerar o conjunto de recursos, conhecimentos e habilidades que um aluno de graduação precisa desenvolver ou possuir antes de iniciar as atividades de iniciação científica.
O sucesso dessas atividades depende da disponibilidade e do desenvolvimento desses elementos, bem como do compromisso do aluno. Identificar esses itens auxilia tanto o aluno quanto o orientador a determinar o nível de suporte necessário para realizar as atividades de iniciação científica e planejar as atividades de acordo com o perfil do aluno.
Além das características individuais mencionadas anteriormente, é importante considerar os recursos (tangíveis e intangíveis) disponíveis no laboratório ou instituição onde a iniciação científica será realizada.
Na iniciação científica, todo aluno está vinculado a um orientador, que deve possuir um título de mestrado ou doutorado, além de experiência na orientação de alunos de iniciação científica e/ou monitoria. O orientador não apenas garante a execução adequada das atividades de iniciação científica, mas também é corresponsável pela pesquisa, participando de todas as fases, desde o planejamento até a divulgação dos resultados.
É importante ressaltar que, em geral, o mérito das conquistas é atribuído ao aluno, enquanto as dificuldades ou problemas são frequentemente atribuídos ao orientador.
4.4. Quais são os recursos, os conhecimentos e as habilidades que o aluno da graduação deve possuir e/ou desenvolver para realizar com sucesso as atividades de iniciação científica?
O principal recurso demandado dos alunos de graduação é o seu próprio tempo. A maioria dos estudantes contribui durante o seu tempo livre, uma vez que essa atividade é considerada parte do esforço para aprimorar sua formação no curso de graduação. A quantidade de tempo requerida varia de acordo com o tema, o tipo de pesquisa, os métodos utilizados, a experiência do aluno e o tipo de apoio oferecido pelo orientador, laboratório ou instituição. Portanto, a carga de trabalho associada à realização da iniciação científica é bastante variável. No entanto, compreender as tarefas envolvidas e o tempo necessário para cada uma delas ajudará o aluno a fazer uma estimativa e decidir se vale a pena se envolver nessas atividades
Além do tempo, outros RECURSOS necessários são:
a) O segundo pesquisador, possivelmente outro aluno de iniciação científica, para trabalhar em conjunto no planejamento, execução e divulgação da pesquisa. Essa colaboração entre os dois pesquisadores auxilia na minimização de vieses (erros sistemáticos) e melhora o desempenho de ambos.
b) Equipamentos, como computadores e aplicativos específicos para a realização das atividades de pesquisa.
c) Suprimentos e serviços, incluindo telefone, fax, papel, impressão, fotocópias, ferramentas audiovisuais e outros materiais necessários para o desenvolvimento da pesquisa.
d) O local onde ocorrerão as reuniões e atividades em grupo, que idealmente seria um laboratório de pesquisa bem equipado.
e) Recursos financeiros, que podem ser obtidos por meio de entidades de financiamento à pesquisa, como agências de fomento e instituições responsáveis pela avaliação tecnológica. No estado de Alagoas, por exemplo, a FAPEAL (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, http://www.fapeal.br) oferece bolsas de iniciação científica.
Além desses recursos, alguns CONHECIMENTOS podem ser necessários para o sucesso das atividades de iniciação científica, tais como:
a) Método de pesquisa específico que será utilizado, por exemplo, se o aluno estiver envolvido em uma revisão sistemática, é essencial que ele domine as técnicas e os procedimentos dessa metodologia. Caso não possua esse conhecimento, pode ser necessário um tempo de treinamento no início da iniciação científica.
b) Habilidade em inglês técnico, uma vez que muitas publicações e fontes de informação científica estão disponíveis nesse idioma.
c) Conhecimentos em estatística, que são necessários para a análise adequada dos dados coletados durante a pesquisa.
d) Familiaridade com os princípios da epidemiologia clínica, especialmente os fundamentos dos principais tipos de estudos clínicos, como estudos de casos e controles, estudos de coorte, estudos de acurácia, estudos de prevalência e ensaios clínicos aleatórios, além da compreensão das revisões sistemáticas e principalmente o risco de viés em cada tipo de estudo.
e) Habilidades em informática, para o manuseio de softwares e ferramentas necessários na análise e interpretação dos dados.
f) Conhecimento aprofundado sobre o tema de pesquisa, de forma a garantir que o projeto, relatório, artigo e apresentações tenham uma abordagem clínica coerente.
No desenvolvimento da iniciação científica, são esperadas as seguintes HABILIDADES do aluno:
a) Elaboração de uma ideia brilhante de pesquisa.
b) Elaboração de um plano de intenção, detalhando os objetivos e a metodologia da pesquisa.
c) Revisão da literatura científica relevante ao tema de pesquisa.
d) Realização de testes de instrumentos e procedimentos da pesquisa.
e) Elaboração do projeto de pesquisa detalhado.
f) Realização de uma pesquisa-piloto com uma amostra calculada.
g) Coleta dos dados previstos no projeto.
h) Armazenamento adequado dos dados coletados.
i) Tabulação dos dados e construção de tabelas.
j) Análise dos dados, tanto qualitativa quanto quantitativa (incluindo análise estatística). Pode ser necessário o auxílio de um estatístico para sintetizar os resultados e realizar análises de sensibilidade.
k) Interpretação dos resultados e elaboração de conclusões.
l) Redação do relatório final da pesquisa.
m) Publicação do artigo original, que envolve a submissão do trabalho para revistas científicas e o processo de revisão pelos pares.
n) Preparação e apresentação do tema livre, tanto na forma oral quanto na forma de um pôster, em eventos científicos.
Esses conjuntos de recursos, conhecimentos e habilidades são essenciais para a realização bem-sucedida da iniciação científica. O aluno deve fazer uma autoavaliação para verificar se possui esses elementos e qual o nível de suporte que necessitará. Em conjunto com seu orientador, é importante estabelecer um cronograma de atividades. Vale ressaltar que o uso da informática é indispensável para o desenvolvimento dessas habilidades. As atitudes que os alunos devem adotar durante as atividades de iniciação científica serão descritas na próxima versão deste texto.
4.5. Onde obter ajuda?
Aqui estão três URLs com recursos úteis para a iniciação científica:
a) http://www.uncisal.edu.br
b) http://www.metodologia.org/ecmal/ic
c) http://www.evidencias.com
d) http://www.metodologia.org
Utilize esses materiais de acordo com suas necessidades. No entanto, lembre-se de que a melhor fonte de apoio é o seu orientador.
4.6. Próximo passo: a escolha do orientador
Após identificar quais recursos, conhecimentos e habilidades o aluno possui ou precisa desenvolver para as atividades de iniciação científica, a escolha do orientador se torna crucial. Os orientadores costumam divulgar os critérios de seleção, muitas vezes por meio de uma prova seletiva. É recomendado que o aluno se informe antecipadamente sobre as áreas de interesse do orientador, buscando informações com outros alunos que já participaram de programas de iniciação científica e/ou monitoria com esse professor-orientador, ou diretamente com ele. Vale ressaltar que a seleção do orientador é uma decisão tomada sem conhecimento prévio absoluto. Somente ao final das atividades de iniciação científica o aluno descobrirá se o orientador foi uma escolha acertada ou não. No próximo capítulo, serão descritas as características mais comuns que devem ser observadas no orientador, a fim de aumentar a probabilidade de uma seleção adequada.
4.7. Pontos para recordar
- A iniciação científica é uma oportunidade de realizar uma pesquisa durante o curso de graduação, visando aprender o método científico.
- A iniciação científica oferece suporte teórico e metodológico para a realização de um projeto de pesquisa, contribuindo para a formação de uma mentalidade científica no aluno.
- A iniciação científica é um meio de formação de recursos humanos qualificados.
- Para mais informações sobre as atividades de iniciação científica da UNCISAL, acesse o URL: https://pic.uncisal.edu.br/
- Um planejamento adequado da iniciação científica permite um fortalecimento gradual e racional, otimizando a utilização dos recursos disponíveis.