COMO ESCREVER: Discussão de um artigo original

Criação: 23/12/1999
Atualização: 13/08/2025
URL: https://bit.ly/escrever-discussao

Para escrever a seção de discussão de um artigo científico original, é fundamental adotar uma estrutura clara e sistemática, com o objetivo de interpretar e contextualizar os resultados obtidos. A discussão responde essencialmente à pergunta: “O que significam os meus resultados?” e deve manter relação direta com os achados e a literatura existente sobre o tema. Não se devem introduzir resultados novos ou especulações sem fundamento; concentre-se em interpretações baseadas nos dados apresentados.

A redação da discussão deve contemplar cinco partes:

1. Discussão da hipótese
Inicie destacando se a hipótese testada foi ou não rejeitada. Este é o espaço para tratar da variável primária do estudo. Após responder à questão, explique por que o resultado é relevante e original. Utilize referências da literatura que confirmem e que contestem seus achados, apresentando a devida justificativa para as divergências.

2. Discussão dos métodos
Analise criticamente o próprio estudo, apontando suas limitações de forma transparente, bem como os pontos fortes relacionados à metodologia utilizada.

3. Discussão dos resultados
Interprete os achados no contexto do tema pesquisado, evitando apenas repetir dados já apresentados. Compare-os com estudos prévios, destacando concordâncias e divergências, e explique possíveis razões para diferenças — como variações metodológicas, tamanho da amostra ou limitações do estudo. Discuta resultados inesperados ou inconclusivos, sempre embasando as interpretações em literatura científica. Finalize cada parágrafo com uma síntese do ponto discutido.

4. Implicações para a pesquisa
Identifique a lacuna de conhecimento que permanece e justifique sua importância. Sugira perspectivas para futuras investigações, preferencialmente formuladas como uma pergunta de pesquisa. Se houver espaço, apresente um breve resumo estruturado de um possível projeto que responda a essa questão.

5. Implicações para a prática clínica
Explique de que forma os resultados confirmam, questionam ou propõem mudanças na prática clínica atual, indicando sua aplicabilidade no dia a dia.

Mantenha a organização da discussão nos cinco itens acima, dedicando um parágrafo a cada ponto relevante, sempre interpretando os achados e relacionando-os à literatura científico-acadêmica.

Um erro grave é apresentar resultados e discussão no mesmo tópico. Essa prática reduz o impacto da seção e revela imaturidade na análise, por não oferecer uma reflexão aprofundada sobre os achados.

Utilize linguagem clara, objetiva e coerente, explicando termos técnicos quando necessário, de modo a garantir a compreensão por leitores de diferentes níveis.

Em resumo, a discussão deve construir uma narrativa lógica e convincente sobre o significado dos resultados, posicionando o estudo no conjunto do conhecimento existente, evidenciando suas contribuições, limitações e possíveis desdobramentos.

Essas orientações reforçam o papel da discussão como elo entre os resultados e as conclusões, conduzindo o leitor à compreensão do impacto e relevância do estudo.

Modelo pronto de parágrafos para cada uma das cinco partes, já com frases de transição e exemplos de citações.

1. Discussão da Hipótese

“Os resultados deste estudo indicam que a hipótese proposta foi [confirmada/rejeitada], considerando que [descrever o achado principal da variável primária]. Esse achado é relevante porque [explicar a importância científica ou clínica], reforçando a compreensão de [tema]. Estudos anteriores, como o de Silva et al. (2021), corroboram nossos resultados ao demonstrarem [descrever achado similar]. Em contrapartida, pesquisas como a de Pereira e Souza (2019) apresentaram resultados divergentes, possivelmente devido a [apontar diferenças metodológicas, populacionais ou contextuais]. Essa comparação destaca a originalidade do presente estudo e sua contribuição para o tema.”

2. Discussão dos Métodos

“A metodologia adotada neste estudo apresenta pontos fortes que aumentam a robustez dos achados, tais como [citar critérios de seleção rigorosos, uso de instrumentos validados, controle de variáveis de confusão]. Entretanto, reconhecemos limitações importantes, incluindo [mencionar, por exemplo, tamanho amostral reduzido, período curto de acompanhamento, possível viés de seleção]. Essas limitações, embora relevantes, não invalidam as conclusões, mas devem ser consideradas ao interpretar os resultados. A utilização de [técnica ou instrumento] permitiu [benefício], o que fortalece a credibilidade da análise.”

3. Discussão dos Resultados

“Ao interpretar os achados, observa-se que [descrever a principal interpretação dos resultados]. Em comparação com o estudo de Almeida et al. (2020), que encontrou [descrever achado comparável ou diferente], nossos resultados [confirmam/divergem] devido a [explicar razões possíveis: diferenças metodológicas, características da população, variação na intervenção, etc.]. Resultados inesperados, como [citar algum achado surpreendente], podem estar relacionados a [explicar hipótese plausível baseada na literatura]. Esses dados contribuem para ampliar o entendimento sobre [tema] e reforçam a necessidade de novas investigações.”

4. Implicações para a Pesquisa

“Os resultados obtidos evidenciam uma lacuna no conhecimento relacionada a [descrever lacuna identificada], cuja elucidação é fundamental para [explicar importância]. Estudos futuros devem buscar responder à seguinte questão de pesquisa: ‘[formular pergunta clara e específica]’. Uma proposta de investigação poderia incluir [descrever brevemente população, métodos e desfechos], de forma a ampliar a compreensão sobre [tema] e oferecer bases sólidas para novas diretrizes ou protocolos.”

5. Implicações para a Prática Clínica

“Do ponto de vista prático, nossos achados sugerem que [descrever implicação direta], o que [confirma/contraria/modifica] as recomendações atualmente adotadas na prática clínica. Essa evidência pode influenciar decisões terapêuticas, orientar políticas de saúde ou mesmo provocar a reavaliação de condutas estabelecidas. Em situações semelhantes, profissionais de saúde poderão considerar [descrever a aplicação prática], sempre à luz das características individuais dos pacientes e do contexto assistencial.”