Aldemar Araujo Castro
Criação: 22/10/2025
Atualização: 23/10/2025
Número de palavras: 416
Tempo de leitura: 2 minutos
Realizar quatro pareceres consubstanciados no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL) foi uma experiência profunda, que me fez compreender ainda mais a importância e a complexidade do processo ético na pesquisa científica. Porque cada projeto analisado se enquadrou em uma das quatro possibilidades de desfecho possíveis, e cada uma delas trouxe aprendizados e sentimentos distintos.
O primeiro projeto foi retirado pelo próprio pesquisador, após manifestação formal na Plataforma Brasil. Recebi a solicitação com um sentimento de perda. A não realização da pesquisa significava também abrir mão dos conhecimentos que poderiam ser gerados e compartilhados com a comunidade científica e com a sociedade. Foi um lembrete de que nem toda boa ideia consegue amadurecer até o campo da execução, e que desistir, às vezes, também faz parte do processo científico.
O segundo projeto foi aprovado, após atender integralmente às resoluções e normas que regem a pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil. Esse parecer trouxe satisfação e orgulho, pois representou o alinhamento entre o rigor metodológico e o compromisso ético. A aprovação não é apenas um ato burocrático, mas um reconhecimento de que a pesquisa foi construída sobre bases sólidas, respeitando a dignidade, os direitos e a segurança dos participantes.
O terceiro projeto resultou em pendência, por apresentar pontos que ainda necessitavam de ajustes para garantir a conformidade ética. Nesse parecer, a função orientadora do Comitê se fez mais evidente. Procurei indicar de forma clara e construtiva os aspectos que deveriam ser revistos, na esperança de que o pesquisador pudesse compreender o valor da revisão ética como um processo colaborativo de aperfeiçoamento.
Por fim, o quarto projeto foi não-aprovado, em razão de um aspecto crítico que inviabilizava sua execução da forma proposta. Esse caso me gerou tristeza, sobretudo por perceber que o pesquisador, possivelmente, ainda não domina plenamente as normas e resoluções que orientam a pesquisa ética no Brasil. Esse episódio reforçou a necessidade de capacitação contínua dos pesquisadores e de ações educativas promovidas pelo próprio Comitê de Ética, para que erros evitáveis não se tornem barreiras ao avanço do conhecimento.
Ao final dessa experiência, compreendi que cada parecer é mais do que um documento: é uma oportunidade de diálogo, de amadurecimento científico e de reafirmação do compromisso com a ética. Todos os meus pareceres foram discutidos em plenária do Comitê de Ética em Pesquisa, que manteve integralmente minhas recomendações. Essa validação reforçou a importância do trabalho coletivo e da responsabilidade compartilhada na avaliação ética. O Comitê não é um obstáculo, mas um guardião da integridade da pesquisa, da proteção dos participantes e da confiança da sociedade na ciência.
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