Fontes variadas garantem rigor, abrangência e menor viés em revisões sistemáticas.
Aldemar Araujo Castro
Criação: 29/10/2025
Atualização: 21/11/2025
Quantidade de palavras: 764
Tempo de leitura: 4 minutos
✅ Resumo – 100 palavras
As fontes de informação são fundamentais para a qualidade de uma revisão sistemática. Elas incluem bases de dados formais, registros de ensaios, literatura cinzenta, ferramentas com inteligência artificial, fontes amplas como o Google Scholar e plataformas de triagem, como o Rayyan. Quanto maior a integração entre essas fontes, mais ampla e sensível se torna a busca, reduzindo o risco de omitir estudos relevantes. Além disso, a documentação clara das fontes consultadas garante reprodutibilidade e transparência. Uma seleção cuidadosa e metodologicamente estruturada fortalece a validade dos resultados e produz conclusões mais confiáveis para a prática clínica e científica.
1. Introdução
As fontes de informação de uma revisão sistemática correspondem a todos os locais onde os estudos científicos serão identificados, selecionados e recuperados. Sua escolha é decisiva para a qualidade metodológica do trabalho, pois determina o alcance da busca, a reprodutibilidade e o risco de viés. Quanto mais ampla, transparente e estruturada for a seleção das fontes, maior a probabilidade de encontrar estudos relevantes, inclusive resultados negativos e pesquisas não publicadas, evitando conclusões distorcidas. Por isso, recomenda-se combinar bases formais, registros de ensaios, literatura cinzenta, ferramentas tecnológicas e técnicas manuais, garantindo uma revisão sensível, confiável e metodologicamente robusta.
A seguir, uma classificação atualizada, didática e completa das principais fontes e ferramentas utilizadas em uma revisão sistemática, com breve descrição e URLs. A organização está disposta por função metodológica, o que facilita a compreensão para ensino e prática.
2. Classificação das fontes de informação de uma revisão sistemática
2.1. Bases de dados bibliográficas formais (núcleo da busca)
Locais com indexação estruturada, filtros avançados, descritores oficiais (MeSH, DeCS, Emtree) e controle de qualidade editorial.
- PubMed/MEDLINE. Principal base biomédica mundial, com descritores MeSH. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
- Embase. Forte em farmacologia e estudos europeus; usa vocabulário Emtree. https://www.embase.com
- Scopus. Multidisciplinar, excelente para análise de citações e impacto. https://www.scopus.com
- Web of Science. Alta qualidade e forte rede de citações. https://www.webofscience.com
- Cochrane Library. Revisões sistemáticas e ensaios clínicos qualificados. https://www.cochranelibrary.com
- LILACS – Literatura latino-americana e caribenha; reduz viés geográfico. https://lilacs.bvsalud.org
- CINAHL – Principal base de enfermagem e áreas correlatas. https://www.ebsco.com/products/research-databases/cinahl-database
2.2. Registros de ensaios clínicos (evitam viés de publicação)
Mostram ensaios concluídos, em andamento ou não publicados.
- ClinicalTrials.gov. https://clinicaltrials.gov
- WHO ICTRP. https://trialsearch.who.int
- EU Clinical Trials Register. https://www.clinicaltrialsregister.eu
- ReBEC. Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos, integrante da rede primária da OMS/WHO ICTRP. https://rebec.gov.br
- PROSPERO – https://www.crd.york.ac.uk/PROSPERO/home
2.3. Literatura cinzenta (informação fora de revistas tradicionais)
Inclui estudos não publicados, negativos ou emergentes.
- Repositórios de teses e dissertações (ex.: USP) https://www.teses.usp.br
- SciELO Preprints. https://preprints.scielo.org
- OpenGrey (arquivo). https://opengrey.eu
- Diretórios de repositórios (ex.: OpenDOAR). https://v2.sherpa.ac.uk/opendoar
2.4. Ferramentas com IA e descoberta científica
Usam inteligência artificial, similaridade semântica e redes de citações para localizar artigos relacionados e sugerir termos.
- Semantic Scholar. Busca semântica avançada. https://www.semanticscholar.org
- Research Rabbit. Mapas visuais de conexões entre artigos. https://researchrabbitapp.com
- Connected Papers. “Árvore genealógica” de artigos. https://www.connectedpapers.com
- LitMaps. Cronologia e expansão de literatura a partir de um artigo semente. https://www.litmaps.com
- Iris.ai. IA para busca e leitura científica automatizada. https://iris.ai
2.5. Fontes amplas e não estruturadas
Úteis como complemento, mas com baixa reprodutibilidade e controle de indexação.
- Google Scholar (Google Acadêmico) https://scholar.google.com
- BASE Search (Bielefeld Academic Search Engine) – Repositórios científicos globais. https://www.base-search.net
- CORE – Repositórios institucionais e preprints. https://core.ac.uk
2.6. Plataformas de triagem e organização dos estudos
Não servem para buscar artigos, e sim para importar, deduplicar, classificar e aplicar critérios de inclusão/exclusão.
- Rayyan – Ferramenta colaborativa criada para revisões sistemáticas. https://rayyan.ai
- Covidence – Importação, triagem, extração e risco de viés. https://www.covidence.org
- EPPI-Reviewer – Sistema completo para revisões complexas. https://eppi.ioe.ac.uk/cms
2.7. Busca manual (complementar e obrigatória)
Métodos para encontrar estudos que escapam aos filtros das bases:
- Rastreamento de referências dos artigos incluídos
- Busca por autores-chave
- Citações diretas e reversas
- Contato com especialistas
(Não possui URL, é procedimento metodológico.)
✅ Resumo didático
Uma revisão sistemática rigorosa costuma integrar:
- Bases formais → coração da busca
- Registros de ensaios clínicos → captam estudos não publicados
- Literatura cinzenta → evita viés de publicação
- Ferramentas com IA → aumentam sensibilidade e descobertas
- Google Scholar e similares → complementares
- Rayyan/Covidence → organização e triagem
- Busca manual → fecha lacunas
3. Considerações Finais
Em síntese, conhecer e utilizar adequadamente as diferentes fontes de informação é uma etapa essencial para a credibilidade de qualquer revisão sistemática. A combinação equilibrada entre bases tradicionais, registros de ensaios clínicos, literatura cinzenta, ferramentas com inteligência artificial e plataformas de triagem garante maior sensibilidade, precisão e transparência ao processo de busca. Quando essa etapa é bem executada e devidamente documentada no protocolo e no relatório final, a revisão torna-se reprodutível, reduz o risco de viés e oferece conclusões mais consistentes para a prática clínica, a pesquisa e a tomada de decisão em saúde.
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