A Origem do PollyBall: O Pickleball da UNCISAL


Aldemar Araujo Castro
Criação: 11/09/2025
Atualização: 26/10/2025
Quantidade de palavras:  915
Tempo de leitura: 5 minutos

Era fim de tarde nos Lençóis Maranhenses, e o vento soprava como quem deseja guardar segredos na areia. As dunas se erguiam como montanhas brancas, silenciosas testemunhas de encontros improváveis. Foi ali, naquele cenário quase onírico, que ouvi falar pela primeira vez de um esporte que mudaria não apenas a forma como eu via a prática esportiva, mas também como a inovação podia florescer em terrenos inesperados.

Um ser viajante, desses que parecem carregar no olhar tanto as histórias quanto os mistérios do mundo, aproximou-se de mim. Sua voz soava como um sussurro carregado de entusiasmo, e sem que eu esperasse, falou-me sobre um jogo que conquistava multidões na Europa e nos Estados Unidos: o Pickleball. Contou-me que não se tratava de uma moda passageira, mas de um fenômeno crescente, a ponto de incomodar grandes tenistas que já viam nele um rival capaz de obscurecer a realeza do tênis.

O viajante descreveu um esporte acessível, inclusivo, fácil de aprender e capaz de unir gerações. Um jogo em que avós e netos podiam compartilhar a mesma quadra, em que a competitividade se equilibrava com o prazer da brincadeira. Aquela narrativa me atravessou como uma revelação. Senti que havia ali algo maior do que um simples jogo: havia um espírito de comunidade, uma nova forma de encontro.

Curioso, mergulhei em pesquisas assim que deixei as dunas. O brilho da tela do computador substituiu a claridade da areia branca, mas a sensação de descoberta se mantinha. Ao assistir aos primeiros vídeos, percebi imediatamente o que o viajante havia tentado me transmitir. A dinâmica do Pickleball era ágil, envolvente, vibrante. Não havia ali barreiras que excluíam, mas pontes que convidavam à participação. Senti, de imediato, afinidade com aquele esporte.

Entretanto, eu sabia que trazer essa novidade para a UNCISAL exigia mais do que entusiasmo pessoal. Era necessário o momento certo, aquele instante em que as circunstâncias externas e o desejo interno se encontram em perfeita sincronia. Eu aguardava, quase em silêncio, como quem espera a estação exata para lançar sementes na terra.

 

O tempo, como sempre, revelou sua sabedoria. O marco veio com a vitória da reitora Pollyana. Sua eleição não era apenas uma mudança administrativa, mas um sopro de renovação, uma abertura para novas ideias, uma vitória que carregava em si o frescor de um recomeço. No calor daquele triunfo, percebi que a hora havia chegado.

E foi então que o inesperado se fez presente mais uma vez. Ao pensar em como introduzir o Pickleball na universidade, a palavra me escapou com naturalidade: em vez de Pickleball, disse PollyBall. Um lapso criativo, uma fusão espontânea entre a tradição estrangeira e a marca local. O nome já trazia em si um símbolo: era um presente à nova reitora, mas também uma forma de afirmar que aquele esporte, embora inspirado em terras distantes, agora pertencia a nós.

A ideia ganhou corpo. Havia uma quadra já existente, chamada “PollyEsportiva”, que parecia ter sido preparada pelo destino para receber o novo jogo. Bastava adaptar detalhes: ajustar o tamanho da quadra, regular a altura da rede. Mantivemos a essência do Pickleball, mas demos a ele uma nova forma, moldada pela nossa realidade. Assim, entre adaptações práticas e símbolos afetivos, nasceu o PollyBall.

Lembro-me da emoção do primeiro jogo. Não era apenas a prática de uma modalidade esportiva, mas a materialização de um sonho. O som da bola ecoava como promessa, e cada jogada parecia selar um pacto entre passado e futuro. Havia algo de lúdico, de inclusivo, de profundamente humano naquele momento. O que nascera como sussurro nas dunas agora ganhava vida diante de meus olhos.

O PollyBall não era apenas uma variação do Pickleball. Ele carregava em si a marca da criatividade, da adaptação e da coragem de transformar algo estrangeiro em um símbolo próprio. Era como se tivéssemos aceso uma chama trazida de longe, mas alimentada com o nosso próprio fogo.

Ao olhar para trás, percebo a profundidade desse processo. Uma conversa fortuita nas dunas me mostrou que as grandes ideias muitas vezes nascem em contextos improváveis. Mas uma ideia, por si só, é apenas centelha. É preciso o momento certo, o terreno fértil e a coragem de adaptar. A vitória da reitora foi esse marco: uma porta que se abriu para que o PollyBall pudesse florescer.

Mais tarde compreendi que o que aconteceu ali era uma metáfora da própria vida. Quantas vezes carregamos projetos e sonhos guardados, esperando o instante propício? Quantas vezes é necessário não apenas importar o que vem de fora, mas moldar, recriar, dar identidade? O PollyBall se tornou mais do que um esporte: virou símbolo de inovação, de pertencimento e de comunidade.

Hoje, quando vejo estudantes, professores e funcionários compartilhando uma partida, não vejo apenas pessoas jogando. Vejo a materialização de uma história que começou nas dunas, passou pela tela de um computador e encontrou seu solo fértil na vitória de uma líder. Vejo como o inesperado pode se transformar em movimento coletivo, em tradição nascente.

E, acima de tudo, vejo que o esporte carrega em si uma lição universal: não é preciso ser grandioso para transformar. Basta ser acessível, inclusivo, verdadeiro. Basta nascer no tempo certo.

Moral da História

“As grandes ideias florescem quando encontram o momento certo. Adaptar com criatividade é transformar o que vem de fora em algo que passa a nos pertencer. O PollyBall nasceu como prova de que inovação é, antes de tudo, a arte de reinventar o conhecido.”

https://bit.ly/pollyball 

https://www.instagram.com/reel/DQMxtdyCSvc/?igsh=M3pod240Nnh2bmo2

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